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Governo de Pernambuco lança linha de crédito para mulheres empreendedoras

 

Foto: Janaína Pepeu

O microcrédito será destinado às mulheres que pretendem começar o próprio negócio e também para aquelas que desejam melhorar o desempenho de um empreendimento que já possuem.

O Governo de Pernambuco lançou o Bora Empreender Mulher, uma modalidade do programa Bora Empreender, específica para a população feminina. A iniciativa vai ofertar uma linha de crédito em duas categorias, uma de até R$ 4 mil e a outra de até R$ 8 mil por beneficiária, além de cursos de qualificação. Para participar, é necessário realizar o cadastro por meio do site sedepe.pe.gov.br.  

O microcrédito será destinado às mulheres que pretendem começar o próprio negócio e também para aquelas que desejam melhorar o desempenho de um empreendimento que já possuem. 

Antes de solicitar o dinheiro, as empreendedoras precisam realizar os cursos de qualificação que vão gerar certificados. Nesta primeira etapa, que vai de novembro de 2023 a março de 2024, serão ministrados conteúdos de marketing, finanças, vendas, ferramentas gerenciais e direcionamentos para utilização consciente de crédito, entre outros. 

O crédito poderá ser liberado de duas formas. Na primeira, de até R$ 4 mil, para empreendedoras informais, com até 10 meses para pagar. Na segunda, de até R$ 8 mil, para Microempreendedora Individual (MEI), Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP) com até 12 meses para quitar o financiamento. Em ambos os casos, haverá análise cadastral e de crédito da beneficiária, sendo obrigatória a apresentação do certificado de conclusão do curso realizado.

Neste primeiro momento, o cronograma de capacitação será voltado para empreendedoras dos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, São Lourenço da Mata, Paulista e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana, Caruaru, no Agreste, e Petrolina, no Sertão. 

As referidas cidades estão entre as dez com índices de violência mais elevados em Pernambuco, de acordo com dados da Secretaria de Defesa Social (SDS). Até o final de 2026, o Bora Empreender Mulher pretende oferecer 37 mil vagas de qualificação para mulheres em todo o Estado. 



Grupo Mulheres do Brasil propõe ações contra desigualdade de gênero

Juliana Peres / Arquivo pessoal


Professora aponta dificuldade de negras para entrar no mercado formal


Saúde, bem-estar, carreira e empreendedorismo constituem temas que serão debatidos neste sábado (8), a partir das 9h30, durante o Café das Pretas, dentro das ações do Julho das Pretas do Grupo Mulheres do Brasil – Comitê de Igualdade Racial, núcleo Rio de Janeiro. O evento ocorrerá na Faculdade Senac, localizada na Rua Santa Luzia, 735, centro da capital do estado. Os ingressos têm preço popular de R$ 15 e podem ser adquiridos no site. O Grupo Mulheres do Brasil é liderado pela empresária Luiza Helena Trajano. Criado em 2013, tem mais de 115 mil participantes no Brasil e no exterior e atua em parceria com diferentes esferas de poder para fomentar a adoção de políticas afirmativas e eliminar as desigualdades de gênero, raça e condição social.

O Café das Pretas será aberto com debate sobre Saúde e Bem-Estar. As convidadas são Juliana Peres, médica e empresária, sócia fundadora da Ayo Saúde, clinica médico-odontológica formada inteiramente por profissionais pretos. "Na Ayo, acreditamos muito numa medicina e odontologia humanizadas, no tempo de escuta, entendendo que cada paciente carrega consigo uma história”, salientou Juliana Peres. Participarão também Marcelle Sampaio e Micheline Torres, criadoras do Método Autoliderança Plena. Através do canal Quero Vida Plena, Marcelle e Micheline propõem um amplo olhar sobre o autoconhecimento e afirmam que é possível viver a vida de forma plena, integrando mente, emoção, vibração e espiritualidade livre.

Empreender

A especialista em ESG (governança ambiental, social e corporativa) Juliana Kaiser (foto), professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do curso sobre Diversidade da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (IAG PUC-Rio), será a palestrante do painel Carreira e Empreendedorismo. Ela afirma que mulheres negras no Brasil buscam o empreendedorismo por falta de emprego formal. Juliana falará sobre o tema junto com Tais Batista, fundadora da marca Preta Porter Cosméticos, e Shaienne Aguiar, consultora em Narrativa de Marca e Cultura e fundadora.

Em entrevista à Agência Brasil, Juliana explicou que, em geral, mulheres negras, mesmo letradas, ou seja, com curso superior, tentam entrar no mercado de trabalho e, muitas vezes, não são aprovadas no processo seletivo. Segundo o RH (área de recursos humanos) das empresas, faltam a essas mulheres algumas competências. O que ocorre é que, em geral, o RH não explica que competências são essas.

“Como elas não conseguem entrar no mercado de trabalho ou, quando entram, estacionam em posições de analista e não conseguem subir a coordenadoras, gerentes e diretoras, elas acabam por empreender. Estou falando de mulheres que fizeram universidade”, destacou Juliana. Explicou que as mulheres negras que não fizeram curso superior e são mais empobrecidas acabam fazendo o que, no Rio de Janeiro, é chamado de corre. Ou seja, fazem empreendedorismo sem plano de negócios, sem conhecer de finanças. “Muitas das vezes, são empreendedoras informais ou microempreendedoras individuais (MEIs). Mas não fazem isso por desejo. Não sonharam ser empreendedoras”.

A professora da UFRJ e da PUC Rio explicou que essas mulheres não vão ter um investidor anjo para aplicar recursos nos seus negócios, nem vão conseguir empréstimos em bancos. Segundo Juliana, um dos grandes problemas do empreendedorismo negro no Brasil é que os bancos vetam, na grande maioria das vezes, acesso a crédito. Por isso, sinalizou que as mulheres negras no Brasil empreendem por uma força das circunstâncias que se denomina racismo estrutural.

Dicas

Para as mulheres letradas que estão no mercado de trabalho, não conseguem ascender e acabam optando por empreender, Juliana disse que a maior dica é que façam curso de capacitação em instituições que apoiam empreendedores, para que desenvolvam um planejamento estratégico, um plano de negócios, a fim de terem acesso a conhecimento relacionado a finanças, por exemplo, porque esses são os maiores entraves. “Para mulheres letradas, esse é o melhor caminho para que consigam ter negócios que são perenes, sustentáveis, já que são mulheres que acabam empreendendo com recursos próprios. Elas dependem que esse negócio gire rápido, porque não há um capital de giro”.

De outro lado, para mulheres não letradas, que necessitam empreender, que cozinham, costuram ou têm pequenos negócios, Juliana lembrou que existem várias organizações do Terceiro Setor que apoiam,“mesmo que elas não tenham conhecimento técnico, e tenham mais dificuldade com a língua portuguesa, para que consigam minimamente se organizar, fazer estoque, precificar produtos, entre outras coisas.

Estudo feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao segundo trimestre de 2022, mulheres negras empreendedoras são donas de negócios de menor porte e atuam, em sua maioria, sem apoio de funcionários. Apenas 8% dessas empresárias contratam empregados mas, quando se trata de empreendedores negros, o índice sobe para 11%. Já entre mulheres brancas donas de negócio, 17% fazem contratações de funcionários e, entre empresários brancos, o percentual é de 20%.

Fundo Agbara

Juliana Kaizer abordará também o mercado de trabalho, no dia 12 deste mês, às 18h45, durante evento online pelo Julho das Pretas, organizado pelo Fundo Agbara, cujo tema é Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver. Junto com a psicóloga e pesquisadora Winnie Santos, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), Juliana indicará como ampliar caminhos, soluções e visibilizar mulheres negras. No debate, os atuais desafios, barreiras e possíveis caminhos de solução e construção de oportunidades para as mulheres negras.